quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O que estão fazendo - Rio Tietê

Mantovani diz que "O projeto é principalmente para acabar com as doenças hoje transmitidas pelo rio", afirma.

A construção de um emissário de esgotos entre os bairros de Pinheiros e Vila Leopoldina, com 7,5 quilômetros de extensão, fez com que 84 toneladas de esgotos deixassem de ser lançadas diariamente no Rio Pinheiros, um dos principais afluentes do Tietê, volume equivalente ao esgoto gerado pela população de uma cidade como Salvador.

O Programa de Despoluição da Bacia do Alto do Tietê é considerado um dos projetos de despoluição em curso mais ambiciosos do mundo, pela dimensão do problema e pelo prazo relativamente curto, de apenas 20 anos.

O projeto está avaliado em US$ 2,6 bilhões, dos quais US$ 1bilhão já foram gastos na primeira etapa, que começou em 1992. Outros US$ 400 milhões serão gastos na segunda fase, em execução atualmente com prazo de conclusão em 2005.

"Aí termina o financiamento do BID e começam as dificuldades porque dependemos das prefeituras de várias cidades da Região Metropolitana que não tratam seus esgotos", diz o secretário.

Ao fim desta segunda fase, o volume de esgoto tratado na região metropolitana deve aumentar de 62% para 70% do total, enquanto o índice de coleta de esgoto na região deve crescer de 80% para 84%.

Com isso, 300 milhões de litros de esgoto deixarão de ser despejados diariamento na Bacia do Alto Tietê e 1,2 milhão de pessoas serão beneficiadas com coleta de esgoto.

Há oito anos, apenas 24% do esgoto eram tratados antes de serem jogados no rio. O sucesso nos primeiros anos do programa levou o BID a conceder ao Projeto Tietê, em 1999, o título de programa de saneamento mais bem gerenciado do mundo.

A mancha de poluição, que em meados dos anos 90 se estendia por 250 quilômetros a partir da capital, já recuou 100 quilômetros. Isso significa que os peixes já estão voltando ao rio em trechos cada vez mais próximos de São Paulo.

Mas a situação do Tietê está longe de ser uma experiência única no Brasil: 93% dos rios brasileiros recebem esgotos sem tratamento. "No Brasil, os rios sempre foram vistos como aquilo que levava a sujeira embora, enquanto nas cidades européias, mais antigas, o rio era a fonte de comunicação", diz Mantovani.

É na saúde pública, diz Mantovani, que se verá o principal benefício da despoluição do rio. A canalização e tratamento de esgoto doméstico vai beneficiar milhões de pessoas que hoje vivem próximo de córregos que se tornaram valas de esgoto a céu aberto.

Mas o tratamento do esgoto também não é tudo. Cerca de 35% da poluição acumulada na Bacia do Rio Tietê não vêm de redes de esgotos, mas do lixo jogado nas ruas, que acaba no rio junto com as águas dos afluentes. São toneladas de sacolas plásticas, garrafas e qualquer outro material industrializado.

A Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo) calcula que, se a situação não mudar, em 2015 esse lixo vai representar dois terços da sujeira jogada na Bacia do Tietê.

Desde 2002, já foram retirados de dentro do rio mais de 80 mil pneus e 11 mil toneladas de lixo e detritos. O aprofundamento do leito também pode tornar o rio mais veloz, o que facilita a oxigenação da água.

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